sexta-feira, 13 de julho de 2012

The Born This Way Ball Tour - Lady Gaga




Não há como descrever com exatidão a grandiosidade do espetáculo que é a Born This Way Ball Tour, pois como só houveram duas apresentações, a falta de material torna-se uma grande barreira, aliada à pouca informação sobre o verdadeiro significado das performances. Mesmo o álbum “Born This Way”  não sendo suficientemente completo para a crítica a ponto de ser considerado o melhor da década, é possível afirmar sem nenhuma pretensiosidade que a nova turnê mundial criada para promover o mesmo, será maioritariamente elogiada e exaltada pela mídia.
O ENREDO:
A Born This Way Ball segue o mesmo padrão das propostas apresentadas nas músicas do 3º álbum de estúdio da Cantora: nascimento de uma nova raça, auto-aceitação, crítica ao sistema de governo e até mesmo amor platônico. Lady Gaga não se contradisse em nenhuma letra ao descrever meses antes da grande estréia, a sua nova turnê mundial como a ” Electro-Pop-Metal Ópera: A história do começo, a gênese do reino da glória, a celebração de como nós nascemos e morremos.”
A historia por trás do imponente castelo, se baseia na fuga de Lady Gaga do GOAT (Território Alienígena Pertencente ao Governo;), em certo momento é anunciada a ordem para iniciar a operação: “Kill The Bitch” que pretende conter Lady Gaga do seu objetivo principal que é dar a luz a uma nova raça. A partir desse ponto se desenvolve a trama, uma espécie de corrida enfrentada pela Mother Monster até a criação da nova era que acontece na música “Born This Way”. O show todo evolui numa sincronia perfeita que segue uma impecável ordem cronológica, mostrando os obstáculos pessoais que vão desde crises de identidade até a auto-aceitação além dos fatores externos que interferem na vida das pessoas: a família, os romances, a carreira, as normas e a religião.
CENÁRIO:
É impossível não notar a imensa estrutura montada no palco que se assemelha a um castelo, mas que subliminarmente faz referência a faixa “Electric Chapel” que em uma tradução livre significa “Capela Elétrica”, por isso a riqueza da iluminação e de detalhes que demarcam símbolos religiosos. O palco principal abraça uma região central genuinamente denominada de “Monster Pit” através de duas passarelas paralelas que se encontram. Essa área é exclusiva aos fãs mais dedicados que enfretaram horas de fila para serem os primeiros a entrar no estádio, mas que não precisaram pagar nada além do que o ingresso que permite acesso à pista comum. A “fortaleza” se abre em algumas etapas do show mostrando a sua parte interna dotada de escadarias que dão acesso ao topo da estrutura; outras horas sobem através de elevadores centrais objetos que serão utilizados nas performances.
FIGURINO:
Para compor o figurino, Gaga optou por roupas, na sua grande maioria, monocromáticas, brancas e pretas. O vestido de carne volta a ser utilizado, com algumas alterações. Há um vestido com piano anexado a parte inferior e também são usadas calças unidas a tops em algumas partes do show. Observa-se também muitos looks à base de couro.
PERFORMANCES:
As músicas escolhidas para compor a set-list da tour foram selecionadas com extrema precisão. Alguns little monsters sentiram falta de faixas como: “Speechless” e a badalada “Dance in the dark”; a ausência das mesmas só enriquece o show que deve ser composto na sua maioria por músicas do novo álbum e apenas “singles” fortes dos passados, afinal o sentido de qualquer turnê mundial é promover o último álbum lançado.
Lady Gaga, na BTW Ball Tour, mostra-se como uma fonte inesgotável de idéias que a levam a produzir performances espetaculares e originais. Tudo no show se conecta como uma rede frenética de criatividade. O retorno de elementos já utilizados em performances e aparições anteriores foi fundamental pra afirmação de uma marca, assim também como foi positivo as inovações e aprimoramentos.
As músicas apresentadas estão listadas em ordem cronológica de acordo com o modelo seguido na tour:
Highway Unicorn (Road to Love)


O show começa com todas as luzes apagadas. Para simular a fuga dela do GOAT, seguida de alguns soldados a cantora desfila, montada num cavalo que simboliza o Unicórnio de “Highway Unicorn”, fazendo um percurso circular ao redor da “Monster Pit”, a intenção da caminhada é mostrar o longo e duro trajeto que é o “Caminho para o amor” e passa a lição de que devemos ser exaustivamente fortes ao lidar com esse sentimento.
Government Hooker

 Ainda como fugitiva, Gaga mostra as barreiras que o governo imponhem nas nossas vidas. Na performance altamente provocante, a cantora sobe na mesa do presidente, mostra toda a sua sensualidade durante a dança, com gritos fortes marcando um refrão chamativo: “Hoooooookeeeerr” , ela mata o presidente no seu próprio gabinete com uma arma que estava escondida na gaveta. Toda a estrutura da apresentação faz referência a Marilyn Monroe e seu caso com J.F Kennedy. O tiro disparado por ela representa a destruição do governo e a sua “liberdade”.
Born This Way

 Depois de ter acabado com o governo e conquistado a sua independência, Gaga está pronta para renascer e é exatamente o que acontece, ela sai de um útero gigante que marca o início de uma nova raça. Uma sociedade igualitária, sem preconceitos, sem discriminações, apenas fundamentada no amor e no respeito. Tanto o figurino quanto a iluminação são monocromáticos, as roupas nudes comuns a performances anteriores do mesmo single, representam a simplicidade e a humildade presentes na música.
Bloody Mary

 Gaga começa a introduzir questões religiosas a partir dessa faixa. A apresentação tem pouca coreografia, porém muita criatividade. Sistemas modernos de engenharia são mostrados ao público que se impressiona ao ver a Mother Monster e alguns dançarinos deslizarem pela passarela, sem moverem sequer um dedo. A tecnologia utilizada ainda não foi explicada, mas o palco não é um esteira, então o conceito da criação está relacionado a bases magnéticas que deslizam por plataformas associadas, o controle é tão preciso que é possível até mesmo enfrentar as curvas da “Monster Pit”. A cantora usa um vestido branco e a cabeça coberta por um grande capacete tapando inclusive sua boca, a intenção é manter o clima obscuro e enigmático fiel aos segredos de “Bloody Mary”, uma luta entre a realidade e a fantasia.
Bad Romance

A performance de Bad Romance se matem bastante tradicional, o que é ótimo, visto que é um dos hits mais conhecidos da Gaga. Há pouco uso do cenário nessa parte do show, o castelo fica quase que desligado sendo compensado pelo figurino branco, porém extravagante junto com uma coreografia impecável. Os dançarinos se distribuem pelo palco e passarela algumas vezes com danças livres outras combinadas. A faixa representa os monstros (obstáculos) que tentam impedir a ascensão da Gaga.
Judas

O single mais polêmico da Mother Monster, Judas, ganha uma performance chocante na tour, Gaga é espancada durante a música, em mais uma referencia a Maria Madalena. Ainda com o mesmo figurino de “Bad Romance”, ela luta contra os mesmo monstros que tenta diminui-la.
Fashion of His Love

Com o castelo todo iluminado de rosa, Gaga canta “Fashion of His Love” ao se movimentar pela capela. A cor está relacionada a moda e foi escolhida para mostrar o envolvimento que Lady Gaga tem com esse meio. Há uma estrutura no andar médio do castelo, uma espécie de cabide rotativo, que guarda roupas das próximas performances, nessa apresentação é possível observar Gaga mudando vestido para a próxima música.
Just Dance 

Essa é uma das partes onde é possível sentir uma maior sincronia de Lady Gaga com o cenário. Dançarinos espalhados pelos andares do castelo, outros ao nível do palco e Gaga subindo até o topo da Capela com um figurino especialmente divertido, formado por um teclado no meio da saia de pontas que lembra o época do álbum “The Fame”. O final da música é remixado o que agita o público enquanto há troca de roupa para a próxima apresentação.
Love Game

Já com outro figurino, Gaga entra no palco para performar um dos seus grandes sucessos globais. Nessa faixa ela volta a utilizar o ‘Disco Stick” do vídeo clipe de Love Game que sempre apareciam nas performances da música inclusive na “Monster Ball Tour”. O que se observa é que esse objeto foi totalmente reformulado, agora ele é preto com uma luz branca no seu interior, mais condizente à era Born This Way, garantindo o brilhante trocadilho: “Disco Stick is The New Black”. A influência que Nova Iorque exerce sobre a cantora é incontestável e para mostrar o seu amor pela cidade, ela adiciona ao figurino uma espécie de coroa que unida ao “Disco Stick” fazem dela quase uma estátua da liberdade.
Telephone

 Nessa faixa, Gaga usa algum “Back Vocal” para manter a integridade da canção que é difícil de ser cantada quando unida a uma coreografia expressiva; esse apoio vocal é apenas mantido por cantores secundários que se aderem ao palco em pequenas partes que exigem muito esforço; esses mecanismos estão longe de serem comparados à “Play Back” ou qualquer tipo de gravação previamente elaborada. Manter-se afinado ao interpretar “Telephone” é quase uma missão impossível, mas que Lady Gaga prefere tentar desenvolver compensando com um domínio de palco impressionante que matem todos vidrados na batida.
Heavy Metal Lover 

A expectativa de que HML fosse o 6º single do álbum fez com que muitos se apaixonassem por ela, e a forma como Gaga interpretou a música deixou claro a grandiosidade da faixa. Com uma roupa preta, Lady Gaga “se torna uma moto” para simular a capa do álbum “Born This Way”. Rodeando a passarela, a “moto-gaga” parece deslizar pelo palco utilizando a mesma técnica vista na performance de “Bloody Mary”. No banco de trás da moto, quase que simulando atos sexuais com Lady Gaga, uma das dançarinas representa um dos amantes da cantora . A voz é mantida perfeitamente durante toda a faixa. Elementos do “Metal” são visíveis na iluminação sombria e em todo figurino remetendo ao sentido inicial da canção.
Bad Kids

Simbolizando as expressões de cada little monster, os dançarinos se apresentam em coreografias independentes e extrovertidas. As “crianças más” fazem do palco um grande playground pop gerando a diversão instantânea da platéia. Gaga segue fielmente a coreografia durante toda a faixa. A conotação da performance da canção é a mesma da faixa: Rebeldida, auto-conhecimento e manifestação.
Hair

 Esse é o momento mais “clean” da noite, a performance suave, mas longe de ser simples, trás Gaga novamente na moto, que dessa vez possui um piano acoplado a sua estrutura, girando em torno do seu próprio eixo. A versão acústica de Hair faz com que todos participem da música, cantada numa só voz. Em certa parte da canção Gaga sai da motocicleta e corre ao redor da “PIT’ cantando a faixa que agora já parece perder o sentido acústico e ganhar força eletrônica se assemelhando a versão de estúdio. Gaga usa o cabelo longo que faz parte do figurino de todo o show para se aproximar intimamente da faixa, afirmando que o mesmo é responsável por toda a sua glória.
Yoü and I 

Os rumores da performance ser interpretada por “Jo Calderone”, o alter ego da Gaga, eram falsos. Essa “transformação” gastaria muito tempo o que não poderia acontecer entre uma música e outra na tour. Mesmo sem “Jo”, a Mother Monster: cantou, tocou piano, dançou e até correu pelo palco simulando a cena da fuga do milharal no video de Yoü and I.
Black Jesus † Amen Fashion 

Para “Black Jesus” É exibido uma coreografia cheia de símbolos religiosos, sem muitos adicionais ao cenário. A parte mais interessante da performance é quando os dançarinos se juntam, formando várias cruzes gradativamente.
Electric Chapel

Nenhuma música da noite teve o cenário mais apropriado do que “Electric Chapel”,Gaga já tinha toda a estrutura da Capela ao seu favor só bastava torna-la “Elétrica”. Com o palco completamente iluminado e colorido, a cantora toca guitarra entre dois músicos que a acompanham dentro de caixas retangulares de vidro transparente.
Americano

Quando tudo parecia excepcionalmente perfeito, e quase que impossível de melhorar, eis que surge uma espécie de cabideiro que ao invés de roupas trás cortes de carne; Lady Gaga está pendurada nele com um “vestido de carne”, réplica do usado por ela na edição de 2010 do VMA. O vestido parece ter a mesma conotação da época: mostrar que se não lutarmos por nossos objetivos acabaremos tão inúteis e vulneráveis quanto um pedaço de carne. Americano é a faixa mais apropriada para explorar esse tema, visto que exalta a situação dos imigrantes, as manifestações populares e a luta pelos direitos. Os dançarinos se apresentam com armas apontadas para todas as direções, fundamentais para manter o verdadeiro significado da performance.
Poker Face

Em Poker Face, o “meetdress” é mantido no figurino, saem as armas e sobem por elevadores centrais duas espécies de máquinas. Esses objetos são utilizados mais adiante, por duas dançarinas que entram por um lado deles e sai pelo outro. Um detalhe importante é que elas, também estão vestidas de carne, deixando transparecer que essas máquinas são, na verdade, moedores. O moedor é ativado por uma manivela e impressiona os olhos do público que pensa ver o corpo dos dançarinos serem partidos ao meio. No final da performance Gaga também entra no tubo para ser “Moída” e é levada para o nível de baixo do palco por um elevador central. O Sentido principal da apresentação é mostra como acabaremos se não lutarmos pelos nossos direitos.
Alejandro

 Gaga mais uma vez utiliza um dos elevadores para começar a performance. Deitada em um sofá de carne, começa a cantar as primeiras frases de “Alejandro”. A apresentação relembra o nazismo assim como no clipe da mesma música e os desafios aplicados pelo estado que a sociedade é obrigada a enfrentar. Os soldados parecem tentar captura-la todo o todo.
Paparazzi

Paparazzi dá início ao último bloco de performances do show. Gaga sobe ao alto do castelo ao longo da música e quase no seu fim atira contra a projeção 4d que fica posicionada no alto da parte central do palco. Essa cabeça gigante é justamente o seu rosto e ao atirar nela, fica claro o fim da missão imposta no início, chamada criativamente de “Kill The Bitch”.
Scheiße 

Uma das interpretações mais esperadas da noite, Scheiße, não decepcionou. A música que quase unanimemente caiu no gosto dos monsters (mesmo não sendo single) foi uma das melhores performances da tour. Não houve nenhum objeto adicionado ao palco para completar o cenário, o que não era necessário mediante ao fato de que aquela coreografia tinha luz própria. A música que inspira a causa feminista, representa justamente a guerra da mulher contra o estado, interpretado pelos homens marchando no palco. O ápice da apresentação foi um mini remix agitado, em um dos refrãos da canção que fizeram todos, little monster ou não, dançar em uma única batida.
The Edge of Glory

A interpretação de The Edge, na turnê é uma reprodução minimalista do clipe. O Castelo é aberto e Gaga faz um percurso pelas suas escadarias, até chegar à beira da glória.
Marry the Night

Marry The Night é onde tudo se realiza, se concretiza e acaba; é onde os sonhos viram realidade. Finalizar a noite com essa faixa representa justamente tudo que Lady Gaga almejou e conquistou, todo o processo de criação e amadurecimento de uma das artistas mais grandiosas de todos os tempos.
Veja onde vai ser os shows no site dela: www.ladygaga.com